terça-feira, 21 de junho de 2011

Belo filme, triste realidade

  
“Quando vi esse filme pela primeira vez nem acreditei. Fiquei maravilhado e surpreso porque não se tratava de uma propaganda disfarçada da Central de Inteligência dos Estados Unidos”. O comentário do cartunista do Sindieletro, Nilson Azevedo, abriu o debate após a exibição do filme Paradise Now, promovida pelo projeto Cineclube, do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro), no dia 17 de fevereiro. A sessão de filmes gratuita e comentada acontece toda sexta-feira na rua Tupinambás, 179/14º andar. 
 



Nilson, que coordenou à discussão, destacou a forma como o filme aborda um assunto delicado, sem favorecer nenhuma das partes. Para ele, a imparcialidade na trama é um diferencial louvável, uma vez que a maioria dos longa metragens retrata os personagens judeus como “pessoas legais”. “Quero ver se alguém consegue citar um filme onde tenha um judeu bandido ou mau caráter”, desafiou. O cartunista elogiou a representação dos palestinos. “Essa história acaba com o estereótipo dos árabes vendedores de tapetes”, afirmou.    

O roteiro de Paradise Now também ganhou destaque. O público discutiu como a trama explora o lado humano dos palestinos, dando ênfase à tensão sofrida pelos protagonistas por estarem carregando uma bomba no corpo. Além disso, a história permite que o espectador sinta, junto com os personagens, a angústia da decisão de participar ou não do atentado. “Você percebe a agonia dos palestinos. Não é uma escolha tranqüila como é mostrado nas produções de Hollywood”, observou Nilson. Também foi discutida a cena que mostra os protagonistas com suas famílias, na última noite antes da operação. “Nesse momento, os personagens não são representados nem como terroristas, nem como heróis, mas como homens comuns”, completou.   

Na opinião do cartunista, não é o objetivo do filme definir o que é certo e errado e, talvez por isso, o diretor não tenha fornecido uma resposta pronta, mas diferentes pontos de vista. Entre as perguntas lançadas pelos participantes uma foi inevitável: A guerra é um mal necessário? Ninguém ousou afirmar, contudo Nilson arriscou uma reflexão. “Fico querendo que o palestino desista do atentado, mas então penso: o que eu faria se estivesse na pele dele? Eu não sei, prefiro dizer que sempre fico com aqueles que são oprimidos”, concluiu.

Um comentário:

  1. Nilson, qual é o seu e-mail? Meu nome é Hila Rodrigues, sou jornalista, professora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e estamos querendo fazer-lhe um convite especial para uma mesa de debates sobre a obra de Henfil. Meu e-mail é o hila.ufop@gmail.com. Você me contacta?

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